domingo, 9 de maio de 2010

Neste dia dedicados às mães

Neste dia dedicados às mães, histórias de luta, dedicação e amor para quem realmente sabe o sentido do amor
"Deus te abençoe", "Deus te faça feliz", "bote juízo nessa cabeça e realize seus sonhos". A mão que critica é a mesma que afaga, protege, e não há sinônimo maior de cuidado e proteção do que "mãe". Logo nesta manhã, o segundo do mês de maio, o dia nasce diferente, mais sentimental. Com o radinho de pilha ligado, o céu ainda pouco iluminado, elas levantam mais cedo que todo mundo, para fazer o café, ferver o leite deixado na porta ainda com céu estrelado, fatiar e deixar bolo e pão-recife na mesa. Na missa ou no culto dominical são homenageadas.

No sertão rural ou urbano, ainda que os costumes sejam diferentes, as mulheres que têm por maior ofício cuidar com amor expressam alegria pelo dia especial, melancolia se o momento for de saudade e ausência, gratidão e humildade para, mesmo neste dia, dizer que o melhor presente é traduzido na forma de amor dos filhos. Bravas mulheres cearenses, ouvidas nesta reportagem especial, relatam os dilemas e as alegrias de ser mãe, um papel natural, social e cultural muitas vezes adquirido quando falta o essencial: perspectiva de vida. O Dia das Mães é de comemoração, reflexão e celebração do amor de mães como Raimunda Lima, Rosilene Maria, Tessália Medeiros, Milena Bandeira, Ana Lúcia e Francisca Luciana.

"Andei por todos os jardins/Procurando uma flor pra te ofertar/Em lugar algum eu encontrei/A flor perfeita pra te dar...". Quando a voz de Agnaldo Timóteo reverbera dos discos de vinil no rádio em todo segundo domingo de maio, também invade as casas que tenham uma "flor mamãe" a ser homenageada ou lembrada. A dona-de-casa e ex-agricultura Maria Auxiliadora de Assis Santos chora. "Pra mim, é um dia alegre, mas é um dia triste". Ela sabe a alegria de ser mãe, mas a dor de perder uma mãe e um filho, ou pior, três. Em seu dominical na Rádio Vale do Jaguaribe, o radialista Pitombeira Filho lê as mensagens cheias de agradecimento e Rosineide Lopes também chora, porque "ser mãe é a melhor coisa que tem".

É elevado o número de mulheres que podem dizer que "hoje é o meu dia", porque a maternidade em muitos casos chegou antes da hora para gente como M.E.P., grávida aos 13. Para muitas, tão tenso quanto a dor natural do parto é chegar até o hospital, voltar para casa e, principalmente, criar. De São João do Jaguaribe, as gestantes precisam se deslocar quase 30km para parirem em Limoeiro, município polo que também acolhe as grávidas de Ererê, com o dobro da distância. Se não dá tempo de chegar, o parto tem que ser mesmo na ambulância, como já ocorreu quatro anos atrás.

A falta de um melhor atendimento na gestação, no parto e do acesso ao planejamento familiar foi causa da morte de 536 mil mulheres no mundo em 2008 em decorrência da gravidez, segundo relatório do Fundo de População das Nações Unidas. O índice está praticamente inalterado desde 1980. E pelo menos 12% das gestantes no Brasil têm complicações graves, segundo o Ministério da Saúde.

O Brasil ainda não conseguiu reverter a situação de quanto mais pobre, mais filhos, rebentos destinados à mesma sorte dos pais. E se hão há atendimento de saúde com qualidade para todos, tampouco perspectivas de vida com acesso a educação e a emprego na mesma proporção do crescimento natural ou vegetativo (a diferença entre os que nascem e os que morrem), o resultado é vida precária e aumento da mortalidade.

O ser humano que, mais do que dar a luz, dá a vida para cuidar e proteger o outro, tem diferentes nomes, mas atende por um só: mãe

Nenhum comentário:

Postar um comentário