domingo, 2 de maio de 2010

José Wilker quer se manter distante da TV

A pré-estreia do filme ‘O Bem Amado’ no Festival do Audiovisual do Cine Pernambuco começou com a entrada triunfal e aterrorizante de Zeca Diabo (José Wilker). Tensos, Dirceu Borboleta (Matheus Nachtergaele) e o público prenderam a respiração diante do matador que, aos poucos, passa a herói. A interpretação de Wilker nada tem a ver com a não menos magistral atuação de Lima Duarte na novela homônima de Dias Gomes.

Aliás, por falar no gênero, Wilker quer se manter distante. “TV, agora, só para visitar. Fiz uma novela depois da outra e estou me dando uma folga”, explica ele. Enquanto a TV o aguarda, Wilker dedicará o segundo semestre às filmagens do longa sobre Giovanni Improtta, o hilário bicheiro criado por Aguinaldo Silva na novela ‘Senhora do Destino’.

Você não quer saber de TV, mas viver no telão Giovanni Improtta, um dos personagens de maior sucesso na sua carreira televisiva: “Não é que eu não goste de novela. Não vejo porque é um horário que não tenho disponível. Assisto quando estou gravando. Estou completamente voltado para o Giovanni no cinema, mas tenho projetos de TV, só que novela, agora, não”.


Foto: Divulgação
Aposta em ‘O Bem Amado’ para bater o público de ‘Chico Xavier’? Assistiu ao filme?
“É um belíssimo filme, Daniel (Filho) é um excelente diretor e Nelson Xavier, um ator admirável. Acho muito bom e bem interessante. Gosto de ‘Chico Xavier’, mas não me preocupo com números. Vivemos a síndrome do 1 milhão de espectadores. Se fizer 1 milhão merece respeito, se fizer só 100 mil não é importante? Acredito nas quantidades quando geram qualidades, se não cinema vai virar jogo de futebol”.

Como foi lançar ‘O Bem Amado’ no Cine PE?
“Achei legal ver o filme com o público. A reação de quase três mil pessoas foi fantástica. Há dois públicos no Brasil que podem dar um padrão para avaliar a performance de uma obra: o de Recife e o de Curitiba. Isso vale para cinema, teatro e até absorvente feminino, que é testado nas duas cidades”.

Se inspirou em quem para fazer Zeca Diabo?
“Em nada. Quando interpreto, minha inspiração é o texto escrito, as indicações do diretor e minha memória emocional. Pode ser uma precariedade da minha parte, mas nunca segui um modelo. Quero sempre é que o que eu diga enquanto ator toque na sensibilidade das pessoas e, para isso, tem que passar por um canal em mim”.

Conversou com Lima Duarte?
“Um dia antes de filmar, o encontrei no aeroporto. Ele me mostrou foto da equipe de ‘O Bem Amado’ jantando em um restaurante de Roma, quando estavam gravando. Foi o máximo de informação que tive sobre a versão na TV. A personagem que Guel Arraes (o diretor) queria não tinha qualquer referência ou relação com a personagem da TV. Ele queria que Zeca fosse o vingador do povo, o herói. Mas quero que fique registrada minha admiração pelo talento do Lima Duarte.”

Acredita que só Zeca Diabo nos salva dos Odoricos da vida real?
“Aqui, a eliminação dos Odoricos é tarefa para o próximo século. Odoricos são como erva daninha que se instalou com a República e que até o momento parece irremovível. Quando você acredita que aquilo acabou, ela volta grave e pesadamente para o seu dia a dia”.

Tem esperança nos políticos?
“A classe política boa não é visível para nós porque os Odoricos são leões tão espaçosos que me lembram a frase de Rui Barbosa: ‘De tanto ver triunfar as nulidades, o vício e o crime, chega-se a ter vergonha de ser honesto’”.

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